segunda-feira, 1 de dezembro de 2008




[O filamento de tungstênio]


E Deus disse:
Entenda-me e serás egocêntrico; padecerás assim, sem mim, na ausência de si próprio.
Entenda-te e serás todo o Reino dos Céus.
Mergulha-te em ignorância e continuará Nosso Reino; mas não saberás disto e julgar-me-á inexistente, e acusar-me-á de todo o teu fracasso.
Não estou na resposta nem a sou, entenda; também não grite meu nome aos céus crente por achar que ouvirei teus apelos por shows de mágica. Não entreter-te-ei assim, não sou palhaço.
Se me quer, fecha-te. Procura-me em tuas entranhas. Pode ser que um dia, numa auto-dessecação, encontre-te a ti próprio.
Quando este dia chegar, não haverá mais nada a se entender nem necessidade ou falta de algo. Seremos um só.
(...)

Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, segunda-feira, 1 de dezembro de 2008.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

SOBRE BOLINHAS DE PING-PONG FLUTUANTES


SOBRE BOLINHAS DE PING-PONG FLUTUANTES



Essa teoria do multiverso já é bem antiga. Desde as primeiras idéias relativas à quântica já se pensava nessa possibilidade, só que de uns tempos pra cá foram somados alguns indícios que deixaram a comunidade cientifica alvoroçada.

Minha idéia quanto ao destino desses universos seria não pensar num universo plano, e sim num conjunto de várias dimensões, de modo que se você pegar uma nave e sair por tempo indeterminado, você nunca sairá desse universo, porque ele é sem dimensões (mas finito), e os outros universos são em outras dimensões, cada uma com uma possibilidade de existência diferente.


Assim, já se descobriu matematicamente a existência de 11 dimensões [aplicadas a buracos negros]. De inicio seria lógico pensar que esses universos se fundiriam atraídos por suas gravidades tal como as galáxias, contudo isso seria impossível, porque ao contrário das galáxias, cada universo está numa dimensão diferente, então não há a possibilidade de atração gravitacional entre eles, não uma atração linear a ponto de causar choque, apenas uma deformação espacial curvando o diagrama espaço-tempo.

Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, segunda-feira, 24 de novembro de 2008.

domingo, 23 de novembro de 2008


Qualquer Um a Não Ser Você



Você é amante em meio período e um amigo em tempo integral.

O macaco atrás de você é a ultima moda

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Eu beijo sua cabeça na sombra de um trem

Eu te beijo com o olhar brilhante, meu corpo está balançando de um lado para o outro.

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Aqui está a igreja e aqui está o campanario.

Nós certamente somos bonitos para duas pessoas feias.

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, além em você.


Os pedregulhos me perdoaram,as arvores me perdoaram

Então porque você não pode me perdoar?

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Eu vou achar minha porcaria no seu carro

Com meu mp3 dvd rumple-packed guitar

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Du du du du du du dudu

Du du du du du du dudu

Du du du du du du dudu du


Pra cima pra cima pra baixo pra baixo esquerda direita esquerda é um começo

Só porque nós colamos não significa que não somos espertos

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Você sempre está tentando tornar real

Eu estou apaixonado por como você se sente

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Nós dois temos felizes e brilhantes crises de raiva

Você quer mais fans, eu quero mais palco

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Dom Quixote era um condutor de aço

Meu nome é Adam e eu sou seu maior fã

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.


Levanto sua cabeça e faço uma dança

Você tira uma sujeira da parte de baixo da sua calça

Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa, a não ser em você.



Du du du du du du dudu

Du du du du du du dudu

Du du du du du du dudu du



[A sutil arte de descer pelo ralo]



Não tente me convencer de que não houve nada, por deus! Se meu peito sangra e se meu corpo não se agüenta mais de pé, é porque aconteceu alguma coisa, mesmo que ilusória, se é que ilusões podem ferir os homens.

Não me tente convencer do contrário. Se você ou eu tivemos culpa, não importa, não mais, pois a dor que sinto já superou qualquer ânsia e acusações infundadas. A vontade de chorar e de fugir e de morrer também já superou. Agora só me resta, eu e minha dor, seguirmos juntinhas e adaptarmo-nos às nossas próprias necessidades [Simbiose].

Também não venhas ter comigo depois de muito como se nada tivesse acontecido, muita coisa aconteceu e tu bem sabes. Não sou mais o mesmo e nem tu és. És diferente, és outra mulher. Tens pensamentos e ações que já me são estranhos, que não posso conceber no intestino delgado de minhas aquiescências mundano-cerebrais, pois não sou mundano, nunca fui. Não posso admitir que me humanifique.

Se te amo? É! Eu te amo. Mas o amor é tudo, e bem mesmo por o ser, não há mais espaço a tanto. Tornei-me um desamado, um desmundano... um desumano? Talvez...

Depois de um tempo percebi que ser humano não é melhor das opções...





Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, domingo, 23 de novembro de 2008.

Um pouco de mim...


Às vezes me pergunto se vale a pena eu ser assim, talvez numa tentativa de racionalizar isso tudo e conseguir, com base nesses pensamentos, tomar uma atitude que mude a minha vida ou a forma como eu vejo o mundo.

Não acho que eu seja essa forma de ver as coisas, não me restrinjo a tão pouco ou a tão simples. Mas, assumo, a forma com que vejo e interpreto tudo à minha volta interfere definitivamente nas ações que tomo, e as ações que um homem toma geralmente o define.

Primeiro eu pensei um mundo perfeito. E vivi com base nisso. Depois, abri meus olhos e vi tudo à minha volta. Percebi que a música se distanciara muito e que as flores se plastificaram; percebi que bob esponja é gay, que os sorrisos são falsos e o amor também. É..., o mundo não é perfeito e as pessoas mentem. As pessoas sempre metem, e mentem o tempo todo. Estou aprendendo a lidar com isso também...

Então, desiludido com o mundo e com todas as coisas falsas que me tornavam um desconhecedor feliz da realidade, decidi RACIONALMENTE [e nutrido por certo romantismo, admito] tentar mudá-lo.

Sei que não fico muito bem com a cueca por cima da calça [nem tentem me imaginar assim], nem acredito ser importante neste mundo a ponto de fazer alguma diferença, não sou tão bobo ou ingênuo pra tanto. Acho, porém, que é meu dever como ser humano, e.t ou ser estranho fazer alguma coisa, mesmo que o que eu faça se limite ao agora e seja esquecido posteriormente, ou que o que eu faça não faça a mínima diferença para as gerações futuras ou para todo o mundo, mas sinto essa necessidade só minha aqui no fundo de fazer alguma coisa, pois agora vejo e entendo o mundo, e não concordo nada com isso.

Eu meu complexo de super-herói...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008


[Quero voltar a ser eu mesmo]

Fora de mim o ar que me semeia
A luz que me clareia
O brilho de um olhar...

Fora dos meus lábios o mais doce veneno
O sorriso dos momentos
Meu assunto... meu falar...

Fora dos meus sonhos o sustento
O ser-se sentimento
Minha fada atemporal...

Fora dos meus sorrisos o motivo
E dos meus poemas fora
o tema principal.

Fora da minha vida a pomba mais querida
Que decidida
lançou-se ao ar

Fora as minhas asas..., meu Amor,
Por favor...
Me deixe voar!

Fora da minha alma a ferida
Dor gostosa e doída
Que se fez ficar

Fora de mim a vida a ser vivida
A vida...,
Minha vida,
Se faça ficar...!

Deixe-me ter-te novamente,
Ó vida minha!
Volte para mim...
E permita a esse mim
Voar...
Voltando a ser
Eu mesmo...

Manoel Guedes de Almeida



"(...) mesmo que eu não possa te ver, sei que você está aqui, sentada nessa primeira fila, me olhando e me aplaudindo (...)"




[Radamathys]

E das estrelas que não vejo e da vida que não sinto
Constituo meus guias,
E nas noites mais frias tranco-me em mim mesmo
E do mundo em que nada vejo
Quero me libertar...

Às vezes fecho meus olhos e abro minhas asas,
Tentando voar...
Mas as minhas asas estão rasgadas
Das minhas próprias pedradas
que insisto em me dar.

As ilusões antes tão deleitosas
Agora me arrastam ao precipício da autopsicografia
Deito-me e não durmo.
Essa proeza da consciência me apavora
Trazendo-me para a realidade
Ao qual eu não bem quisto.

Olhos se fecham, olhos se abrem...
O padrão oscilante da escuridão me apavora
E a ira da retulância me devora...
Detesto-me ou detesto o que fiz?!
O que fizeram aqui, dentro de mim?!

Os pensamentos insistem em cortar-me...
Dói, destrói, tiram os suspiros de esperança do meu coração.
Saia, demônio, eu exijo!
Vou-me dilacerar a minha carne!
Prefiro um auto-flagelo a sentir o peso disto...

E num canto sombrio
O canto do Anjo da morte
[do mundo
Radamathys ouvi,
Dilacerando-me corte a corte
Grito a grito,
Lágrima a lágrima,
A cada celestial afago com suas asas-sofrimento
Deixando-me a cada (vão?) momento
Todo feito em carne viva!

E com minhas asas furadas
Pelas constantes pedradas
Tento em meu último momento
Enxugar o meu rosto
E da beira do poço em que me vejo
Saltar com meus seis braços,
Todos decepados,
Do precipício de mim mesmo.

Manoel Guedes de Almeida e Priscilla Anny
Floriano-PI, 05 de maio de 2007.

domingo, 16 de novembro de 2008





Metade


Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito

Mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe

Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada

Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida

Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo

Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas

Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço

Mas a outra metade é o que calo.


Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que eu mereço

Que essa tensão que me corrói por dentro

Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade

é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste,

que o convívio comigo mesmo se torne ao menos

suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso

Que eu me lembro ter dado na infância

Por que metade de mim é a lembrança do que fui

Mas a outra metade eu não sei.


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria

Pra me fazer aquietar o espírito

E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo

Mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela não saiba

E que ninguém a tente complicar

Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é a platéia

A outra metade é a canção.


E que a minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim é amor

E a outra metade também.



Oswaldo Montenegro

Means I love you

Means I love you


(...)

Meu amor por ti é metafísica.
É toque que toca a alma.
É dor necessária a se viver.
É cada momento de ardor.
É grito que ecoa bem alto.
Som que só eu sei viver, pois sou louco,
E quero sempre mais e mais amor.

Mas meu amor também é só...
Abre a janela e sente a brisa fria
Que à noite o mar traz à praia;
Conta postes, telhas, carneirinhos...
Também faz poemas em segredo,
Canta "la la Means I love you" no banheiro,
Escreve cartas e não as envia,
Planeja declarações e depois as esquece,
E às vezes chora;
E às vezes dói o peito;
E às vezes ora e procura
algum Deus que dê um jeito.
... E...às vezes tenta sorrir
Mas se acha ser sem alegria;
E então seus lábios tremem, sem vida..., sem luz...,
E cantarolam uma música tosca, sem melodia...

Sente falta do que nunca teve,
E dos sonhos repetidos faz sinfonia.
É a única forma de concretizar o que é outro mundo...
Está cansado, exausto, taciturno,
E se tateia em volta, não encontra corpo algum;
E se sente frio, se perde no infinito
De seu pequeno cobertor de lã azul como o céu azul.

E quando houver chuva forte na praia de Santos
E corpos loucos e guarda-chuvas vermelhos
(que possam ser largados ao vento),
Nossos passos, lado a lado na areia fria,
Se apagarão
Posto serem apenas lembranças...



Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, sábado, 12 de abril de 2008.

Temporão



Temporão

Espaço.
Preciso de espaço.
Meu coração pulsa e não ouço.
Falta-me o espaço
Onde se difunde o ar.

Paço.
Compulsão
De quem é humano
E passa (m)
Éter sucumbindo ao Tempo
Tempo desnudo
Desmundano mudo,
Sombra
De quem é disperso

Tenho pressa.
Os homens nus
Nos formigueiros
Das cidades ermas
Remoem-se aos montes
E também têm pressa

Tempo
Não mais me resta
Espaço
Não mais me resta
Presas
Não mais me restam
Tenho fome,
Leão já velho,
Tenho pressa.

Se foram todas as festas
E os amores incertos
As piadas na praça
Os sorrisos sem graça...
Não resta mais nada de nada em nada!

Os prédios todos vazios
As ruas todas desertas...
E mesmo assim
Falta-me espaço
E passo
Com o eterno peso do tempo
Arrastado
em correntes
rumo ao vazio do mundo etéreo
que é grande
Mas não me cabe


Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 07 de dezembro de 2007.

sábado, 15 de novembro de 2008




Um barquinho de papel no infinito

Meu amor é infinito e não me cabe.
Por isso grito e grito bem alto.
Por isso digo te amo e te amo e te amo
E te amo desesperadamente!
Não há espaço em mim pra tanto.
Quero banhar-te em cada gota
Desse fluido invisível que me sai;
Enlaçar-nos nele,
Fazer dele balanço e balançar-nos nele,
Fazer dele casa e cama e vivermos nele,
Fazer-lo alimento,
Tece-lo nosso pijama;
Faze-lo barquinho de papel
E navegar por todo o Metatlântico de amar,
Pois meu amor é mar dos mares,
Mar de céu azul sem fim.
Por isso toda essa necessidade só minha
De auto-afirmação constante de amar;
E digo baixinho, e digo sempre, só pra mim,
A cada segundo "te amo",
E escrevo nas folhas do caderno,
Em cada canto em branco
Onde caiba "Amor",
É que sou louco sano
Que sai gritando na rua bem alto
Em dia de chuva,
"TE AMO MUITO E PRA SEMPRE, MEU AMOR!"


Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, 12 de abril de 2008



Sobre amor e ilusão


Depois de um tempo você percebe,
sei que percebe,
Que o amor não é absolutamente nada
do que você achou que o fosse,
Que as músicas eram só co-incidências
E os olhares somente ilusão.

Percebe que amor é pura necessidade fisiológica
E que tateara na vida

como um cego no escuro,
perdido, sem direção.

Percebe que o que é sensível ao tato
não é amor,
Pois o amor não pode ser sentido

com o sentido do toque.

Então,
se lembrares que um dia ouvira "te amo muito e pra sempre!"
Esqueça...,
Não se pode medir

o que mesmo com a imaginação

não se pode conter;

Mas você percebe, sei que percebe.
Que aceno com a mão não é flecha de cupido,
Que quando alguém lhe diz,

[e várias vezes dirão,
“Eu te amo", como se fosse "bom dia",
Percebe que "eu te amo" quis dizer exatamente "bom dia",
Mais nada.


Porque se se é Amor,
Não há tempo que o prenda ou restrinja.
Não se ama por uma noite ou final de semana,

ou mesmo por anos...
Só se é amor se se for pra sempre.

Mas você já sabia disso.

sabia que as pessoas mentem pra lhe DEIXAR feliz,
E se não há nada que lhe deixe mais feliz
Que alguém que te ame de verdade,
Se você não tem nenhum hobby,
Não joga bola, não faz caminhada,
Não assiste a peladas...,
Não se desespere (muito)
Existem várias formas praticamente indolores de suicídio
Que lhe serão bastante úteis adiante,
Quando tu vires que toda a tua vida
Não passou da realidade.


Perceberás então
que Amor não se escreve em cartas
E
não se lê em livros,

não se faz no ato
nem exala das cenas de amor

dos filmes

Quando se livrares do amor-moeda
que suborna o mundo
e perceberes

que flores não pagam sorrisos,
que castrar plantas não é nada romântico
E que romance é apenas fantasia da hello kitty,



que “...não há príncipes ou princesas,
nem cavalos brancos..."
.............
[no máximo um jegue e uma espada de plástico,

Pode ser que nesse momento,
se ainda respirares ou fores inda humano,
Você sinta, se é que sente,
...............[e não perceba ou entenda
Sem fantasias de carnaval ou imãs de geladeira,
O que de fato é
Amor sem fim.


Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, 13 de abril de 2008 (3h57min).


sexta-feira, 14 de novembro de 2008


Ausência...

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Arquiteto do Mundo



Arquiteto do Mundo

Primeiro abra os olhos,
Você tem que ver o que está fazendo.
Depois, comece pelo início
Porque aí se concentra tudo.

Então, construa um lago
E perceba que isso é bom,
Nele, coloque lambaris de almas
[alimentá-los será alimentar-se a si próprio.

Em seguida, e não se esqueça, construa uma casa,
mas que esta seja de vidro,
para que possas ver tudo o que criastes
e que é belo

Por fim, construa uma cama pequena.
Não é muito difícil,
mas você tem que criar primeiro os pés.
Feito isto, é só deitar-se e entrelaçar-se
com a base de sua própria vida.

E se deitem e se beijem e se amem...
Essa será sua maior criação.
Só então, caro aprendiz de Deus,
Seu mundo estará completo.

Manoel Guedes de Almeida
Floriano 04 de agosto de 2007.

E.T.


E.T.

Hoje vi um ser interessante:
Pele cobria seu rosto pálido
Cicatrizes recobriam sua pele porosa
Apenas pêlos cobriam seu corpo quase nu

Hoje vi um ser estranho
Eram ágeis suas mãos
E quando algo ao chão
Atraía sua atenção
Em meio a hambúrgueres estragados
E cachorros-quentes fedidos
Pegava com suas mãos cheias de calos
Mas não sentia
Via com seus olhos míopes
Mas não enxergava
Cheirava com seu nariz aquilino
Mucosamente vedado
Mas não sentia odor

Olhou, pegou, comeu, caiu...
Morreu pouco tempo depois.
Causa: macumba!

Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 27 de novembro de 2006
.

Improbabilidade

Acaso: "Imprevisível!".
Diz o Aurélio
Pobre Aurelius...Pobre Aurelius...

E no acaso em que me encontro,
Passo a passo,
Sigo como quem não vê (e vê-se)
Procurando em cada gesto teu
O acaso dos atos meus.

Acaso: "insubstantivo indeterminado
Imprevisível incontrolável ".
Diz meus olhos fechados
E minha pupila que brilha,
Negra,
Sob a orgia de minha vida
Que dança como uma rapariga
Sobre a mesa de um bar.

"Acaso"...
Diz meus lábios trêmulos
E na lúgubre acidez
Do veneno que bebo
Me vejo
Refletido no espelho
Da Alma
Que não me habita mais.

E canto e danço,
Frenético,
Como uma puta de motel
Que se despe ao meu lado
Feliz por um amor de
Incidências.

"Co-incidências"
Digo em voz baixa, raquítica,
Sussurro...
"Por que é tem que ser assim!?"
E percebo nossa música
Que toca,
"Que toca (me)"
"Pucca 'A'ma Garu!".
"Sua espada é sua cadeira...".

Ouço uma voz que não vejo
E me faço feliz
Certo do acaso do Mundo (nosso)
Gerador de Improbabilidade infinita

"Te 'A'mo muito e para sempre, todo O Sempre".
Sinto uma voz rouca
Que ecoa
Aqui
Dentro de mim.


Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 24 de Abril de 2007.

As Mãos que sustentaram o mundo

As Mãos que outrora ergueram o mundo
Já tremem exaustas e vestem luvas
Temem contaminarem-se
Com os vermes do conhecimento,
Tão letais para o que é Saber

As Mãos que outrora ergueram o mundo
Dizem Adeus em silêncio
Não ousam proferir
Qualquer palavra
Pois tantas já foram ditas,
Escritas e esquecidas
Nas páginas de livros
Que seria tolice
Desperdiçar seus últimos dias
Em vão

As Mãos,
Aquelas Mãos sem idade,
Agora suam, tremem, e sentem frio
Há rugas
Sob a pele necrosada
E pus
Que escorre
Em finos fios

Aquelas Mãos velhas
Que um dia sustentaram a vida
"Agora são desnecessárias"
Dizem os outdoors e os neons nas avenidas.
Há máquinas sustentando máquinas
Chips gerando vida in vitro
E o que fora paterno toque passional
Agora é garra fria metal
INOX

Aquelas Mãos austeras
Não compreendiam o Autismo
Do mundo que criara,
mundo que criara Mundo
Repleto de monstros e fadas
Todos asfixiados pelo que fora um dia vida
Mas agora é o hálito divino
Não passa de poluição
real.


Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 08 de dezembro de 2007.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008


O que eu sou?

Um nada!
Um mero erro do acaso, um deslize da vida.
É simples assim!
De milhões de zóides
Eu,
Por azar,
Fui Ô escolhido...
Acho que eles combinaram,
Planejaram,
Arquitetaram maquiavelicamente
Deixar esse otário aqui
Seguir em frente
Vencendo aquela corrida
Que foi a única coisa que venci na vida
Pra eles ficarem no bem-bom
E eu aqui nessa droga
Sofrida
Acho que eles nem fizeram esforço pra ganhar de mim...
É isso!!!
Sou um erro!!!
Não era pra eu estar aqui...
Sou um deslocado
Um animal num zôo
Num lugar completamente diferente do seu habitat.
Eu sou o que eu sinto!

Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 21 de setembro de 2006.

Moderno modernismo




Moderno modernismo


Moderno, eu?!
Nunca!
Me recuso a ser moderno!
Sou lírio como
A flor do Lácio!

Quando pessoas morrem
De fome ou de frio
Revirando o lixo
Ou matam
Suas próprias mães,
Nasce uma flor frágil
Na pedra bruta,
A espera de um caminhão!

Moderno?!
Sou não!
Que se dane o modernismo
E tudo que é moderno,
Pois o homem sapiens,
Sempre sapiens,
Sempre sábio,
Sempre moderno,
Estuda formas rápidas
De se perder por nada.

Definitivamente
Não sou moderno...

E dos destroços dos prédios
Caídos
E dos corpos calados
Sujos
Faço as pedras pedregulhos
Do meu medieval castelo,
Onde viverei feliz
No antiquário
De minha eterna
Vida...

Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 24 de maio de 2007.

Clara

João amava Maria que gostava de Pedro
Que teve um caso com Lúcia
De onde nasceu Camila.

Lúcia largou a escola pra ser puta.
Camila entrou numa ONG
E aprendeu artes marciais orientais
Ensinava delinqüentes a matar sem deixar provas.

Pedro se tornou um grande empresário do ramo de entorpecentes.
Sempre sonhou em ser o dono da boca.
Que boca!
Teve que pagar uma puta grana em propina
Molhando as mãos dos canas
Que ainda queriam meter ele em cana
Pra ganhar alguma fama
No jornal da TV.

João, trabalhador honesto,
Não conseguiu ganhar a disputa por comida
No monte Sinai
(como é conhecido o lixão daqui).
Foi preso no dia 1º de abril
Por assalto a mão armada
Numa loja da área de Pedro.

Maria, que havia sido esquecida no caminho,
Pegou barriga aos dez,
Gonorréia aos treze,
AIDS aos quinze.
Morreu por uma bala perdida no assalto da loja em que trabalhava.

Clara, filha de Camila,
Chorou de fome por dias
Abandonada na porta de Luiz Augusto, prefeito,
Até que o sol escaldante e a fome e a sede
Silenciaram pra sempre
Aquele coração que só não nasceu
Porque nada nasce por aqui...

Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 06 setembro de 2007.

Primeiro poema (rascunho sem mudanças)




O Fênix

Uma vida surge,
E enquanto presa pelas grades invisíveis que à cerca
Está protegida,
Temporariamente protegida
Pois começa a libertar-se
Morrendo ao conseguir.

Revive com esperança
Como uma fênix revive das cinzas!
Tenta acostumar-se à atmosfera hostil
Mas morre...

Novamente a fênix volta à vida,
Mas começa a pensar no porquê de se dar ao trabalho de reviver
Se sempre morre
E que o único motivo de estar vivo é morrer
Mesmo que ainda em vida.

Então, a surgida vida, já púbere,
Não entende a essência de viver
Que lhe faz defunto a cada instante
E se mata para não mais reviver.

A fênix revive mais uma vez...
Mas agora suas chamas ardentes
Queimam incontroláveis nos olhos de uma linda mulher
E ele, arrependido, tenta voltar à vida,
Pois finalmente descobriu um sentido para viver.
No entanto, é tarde...
Está agora preso nos olhos apaixonados
Da pessoa por quem enfrentaria
O maior desafio de suas vidas:
Viver...


Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, Outubro de 2004.

Aposentadoria de um poeta


Aposentadoria de um poeta

Só por hoje,
Queria sentir-me plenamente
Mensurar esse sentimento de mundo que em meu peito ladra
Medir-me em unidades de infinito
Pesar a luz das flores
Sentir peso nisto
Sentir os grãos do sem-fim deslizarem por entre meus dedos
E voltarem suavemente à praia onde pessoas fazem anjos
E brincam de sentir amor.

Só por hoje,
Afogarei em minhas lágrimas
Toda a inspiração que não me tarda, retarda,
Farei barquinhos do papel de perfeição já rabiscado
E com meu leme de psicoses amorosas desvairadas
Guiar-me-ei com minha alma desgraçada
Do meu rio até teu mar.

Só por hoje,
Queria fazer do Mundo feriado
Onde cavalos alados tirassem férias pra trotar.
Nem fadas, nem desejos, nem heróis... Nem nada...!

Só por hoje,
Queria não viver mais poeta
Não ver o mundo poesia
Nem metaforizar os sentimentos
Transfigurando tudo em pensamento

Só por hoje,
Queria sentir com meus dedos
Deslizando em teu corpo
E olhar com meus olhos...
Sentir o cheiro e o gosto do mundo.

Idealizar tudo isso
É estar doente da vida.

Só por hoje...
Com meus braços e pernas e mente bem atados
Expugnado, conto a conto, desse Mundo Protetor
Queria ir, ao menos uma vez,
Sem nenhum título de escritor,
A uma praia real
E Viver só amor


Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 28 de junho de 2008.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

As pernas flácidas de Zac Xibchac


pernas flácidas de Zac Xibchac


Reveja todos que você mais ama. Passe

com eles o máximo de tempo possível.

Tire fotos. Dê risadas. Diga besteiras.
Fale mal de quem não está. Grite bem alto.
Chore. Ame. Desame. Depois ame tudo de novo!


Soque a parede às vezes.

Independente de você querer ou não morrer
Você não vai morrer, pois a vontade não mata
Mas o que você faz com a vontade que sente
Pode te matar.

Não deixe o tempo passar sem que o sinta passar,
Pois o tempo, essa areia de praia morna
Que o Sol esquenta ao se levantar,
Tem a feliz e solitária sina de escorrer
Por entre nossos dedos quando o tentamos controlar.
E se sinta bem em saber disso...

Vá à praia. Pegue um punhado de vida.
Não olhe o mar, ele sequer existe. Feche os olhos.
Sinta o tempo sólido a pesar sobre tua palma.
Não o tente compreender
Em sua odisséia rumo a todos os outros tempos


Grão a grão, ele escorrerá ao chão
Como um sábio já doente
Que calmamente pára de lutar.

Sinta cada grão de silício em suas mãos...
E, por fim, nunca...
Nunca permita que seu tempo passe
Pelos dedos de outras mãos...

Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, quinta-feira, 17 de julho de 2008.

Des-abafo...

Des-abafo...

“Por que abdicar do meu sonho pelo sonho alheio é tão ruim? Não quero os sonhos que se vão ao amanhecer, não quero o idealismo propagado pela TV, nem a convicção de que o mundo é redondo e gira. O mundo não gira! Não entendo o porquê de tanta baboseira! Não tente me convencer de que sou estranho por querer-te bem, nem me diga que não dá a mínima, nem me julgue insano por me importar. É, eu me importo!, e adivinha... me sinto muito bem por isso.”




Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, sábado, 12 de julho de 2008.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

E.T.s invadem a Terra


E.T.s invadem a Terra


--- Seu ombro é anatomicamente perfeito pra beijar, sabia?
--- E é?!
--- É sim!
--- Ele é pequeno na ponta...
--- Delicado...
--- Nossa!
---....
--- Sou uma ET com o ombro anatomicamente perfeito pra beijar!
--- Como é que se tempera frango?



Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, terça-feira. 22 de julho de 2008.

Soneto do homem imortal




Soneto do homem imortal

Então, despedir-me-ei de todos, um a um,
E fecharei os olhos e lembrarei.
E sorrirei com o canto direito da boca, de leve.
Mas ninguém me verá.

Mundo sem árvores, sem girassóis.
Céu só luz. Corpo sem pele.
[alma vazia

Treinarei tantas vezes. Escreverei tantas frases.
Tantos discursos fúnebres...

E verei todos que mais amei serem levados
Lavados. Leva. Pro fundo da terra.

E chorarei
Sem que as lágrimas toquem o chão.
Não há chão onde se fixe a terra.

Escavarei o pó
do pó
[umedecido
Revolver-me-ei, sentimentos breves, grão a grão.
Mundo vazio. Solidão.

Enterrar-me-ei em mim.
Refar-me-ei mundo, então.




Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, terça-feira, 04 de novembro de 08.

A última lágrima de Ismália


A última lágrima de Ismália


Homens tolos, estes. São todos tolos!
Procuram um sentido pra tudo
Mas sequer percebem que
Não há sentido algum!
Não há significado nas escolhas escondido.
Não há escolhas nem caminhos que se possam seguir.
Não há destino além do acaso talhado
Na nossa testa
E os mandamentos escritos com sangue, nosso sangue,
Sempre se apagarão no cessar da velha orquestra.

Homens tolos, estes homens...
Sempre procurando um sentido pra vida
E uma explicação para todas as coisas.
Não vêem que o sentido da vida é o sentido que a vida dá!
E das coisas, só resta a explicação teórica de algo inexistente.
E vivem um sonho nutrido pela ilusão de vida eterna e felicidade ilusórios,
Enganados pelas próprias mentiras.
A vida não mais nos dá sentido algum.
Há muito se rendeu desiludida à nossa hipócrita mediocridade.

Pobres homens, estes...
Traçam caminhos, mas não os seguem.
Criam imagens, mas não às pintam. Depois às esquecem!
Nem percebem, em sua ingenuidade inconsciente,
Que não há caminho algum!
E as imagens são apenas lembranças de um futuro improvável...
A vida é eterna rotação. E giram e giram
Em torno do eixo de seus mundinhos particulares.
Infantis, querem desbravar o universo inteiro,
[mas estão perdidos em si mesmos].


E jogam sementes na pedra bruta... e guerreiam por uma paz impossível...
Têm a falsa idéia de controle sobre seus próprios atos.
Gostam da sensação de poder que não possuem.
São meras pedras de barro lançadas ao mar. Nada mais.

Procuram vida em outros planetas
Que justifique a falta de vida neste.
Batizam novas estrelas. Novos bebês. Novas marionetes.
Pobres homens. Todos nus. Sem nome. Semimortos.
Tentam encontrar a essência da vida em outros mundos
Pois venderam as próprias em liquidação há muito.
Havia tantos mundos neste...
tantas almas...
[destruíram tudo!...


Na ausência de si, fazem poemas.
Choram sós no banheiro. Em segredo
Lavam o corpo vazio. Roubado. Sem alma.
Repousam a cabeça sobre os joelhos, curvados,
E deixam que a chuva escorra do único céu que lhes restou.
Fecham os olhos. Tentam pensar. Não há nada.

Não entendem nada.
Não sentem nada.
Não são nada...
Feto sem mãe.
Casa sem teto.
Céu vazio [criança sem Pai]

Amor sem afeto.

Mas não há nada para entender.
Estão ali, sobre o piso molhado.
Todo o resto foge.
Apenas a quente água sobre os ombros resta...
Então por que inda choram?!



Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, domingo, 27 de julho de 2008.

Casca de noz

"... e afagar o infinito e abraçar o imensurável, libertar o que há aqui, preso dentro de mim..."

Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, segunda-feira, 10 de novembro de 2008.