segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O homem que matou o amor


O homem que matou o amor

Por muito tempo acreditei 

que a vida tivesse dois sentidos bem definidos 
passado e futuro, 
como dois pontos distintos sobre um papel
e cada um, uma pessoa
uma mais rápida que o tempo
e outra mais lenta
à sombra do momento intangível

mas há outro ponto
que se senta em algum canto qualquer
cansado demais para ir adiante
ou para acreditar no potencial das coisas

está exausto
e as árvores já mortas
não lhe dão sombra

constrói-se no agora
antes do próximo segundo
não em castelos medievais
ou em naves espaciais intergaláticas
mas em casa de tijolo e barro
que se o tempo levar, ele reconstrói
inda que sonho, inda que tinta, inda que papel
inda que sinapses

e as ilusões ele trás nas mãos,
nos pés e passos, o coração
as lágrimas ele chora agora
pelas árvores de agora
e no agora planta suas sementes e ideais
os que respiram
inda que calados
dentro de seu peito calado
que abafa o grito
de quem matou tudo
o que mais amava

___
Manoel Guedes de Almeida
Teresina-PI, 11/09/2012

O médico que quero ser



Não sei. Quem sabe alguém me diga
Ou diga quem sou, quem fui 
Conforme quem seja
Talvez a dor que sinta 
Molde o fogo que abrasa o peito
Mas há forma que caiba esse ardor? 

Não sei. Quem sabe me diga 
Seu maior medo, qual seja 
Seu maior desejo, que seja 
Meu maior desejo. 

E andaremos juntos ao final da tarde 
E faremos revolução no quintal de casa
Ao som do que há de ser 

Faremos dos braços e abraços (de todos) 
Pedra e aço

Não de corpos, que a terra corrói 
Não de almas, que a vida constrói 
Mas médico de vidas

Manoel Guedes de Almeida
17/09/2012