
Mais uma vez adeus
meu corpo sob a terra sepultado dorme e dormindo chora
desperto, coração aberto. Trago-me rosas.
o cemitério é todo silêncio
e na aleluia matinal dos copos
vermes espreitam-me a agonia, devoram-me
as vestes, epiderme fria. Amonificam cada gota
de esperança de meu ser. É tempo de putrefação
elejamos os vermes.
deposito o mandacaru sobre o poste. Uma lagartixa
espreita e dista. Lênin.
[o Sol é quente, camaradas - larguemos o Sol!
e na carne podre e repousado manto nasce
uma rosa vermelha e vazia (tédio)
mas não dura mais que um tanto, mais qum dia
se o mundo chora? chorar é qualidade dos fracos
- e somos fortes, somos filhos da morte!
fazemos canção, erguemos estátuas e às destruímos - sonhos vãos
samba.
Zaratustra corta os pulsos. Meduna.
Torquato afoga-se no pinico. Drummond
se esquece. Bakunin candidata-se
à prefeitura de São João dos Patos. Marx enforca-se
com o cadarço de seu sapato cinza.
Manoel Guedes de Almeida
Teresina-PI, terça-feira, 31 de março de 2009.