quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mais uma vez adeus





Mais uma vez adeus


meu corpo sob a terra sepultado dorme e dormindo chora
desperto, coração aberto. Trago-me rosas.

o cemitério é todo silêncio
e na aleluia matinal dos copos
vermes espreitam-me a agonia, devoram-me
as vestes, epiderme fria. Amonificam cada gota
de esperança de meu ser. É tempo de putrefação
elejamos os vermes.

deposito o mandacaru sobre o poste. Uma lagartixa
espreita e dista. Lênin.
[o Sol é quente, camaradas - larguemos o Sol!

e na carne podre e repousado manto nasce
uma rosa vermelha e vazia (tédio)
mas não dura mais que um tanto, mais qum dia


se o mundo chora? chorar é qualidade dos fracos
- e somos fortes, somos filhos da morte!

fazemos canção, erguemos estátuas e às destruímos - sonhos vãos
samba.

Zaratustra corta os pulsos. Meduna.

Torquato afoga-se no pinico. Drummond
se esquece. Bakunin candidata-se

à prefeitura de São João dos Patos. Marx enforca-se

com o cadarço de seu sapato cinza.


Manoel Guedes de Almeida
Teresina-PI, terça-feira, 31 de março de 2009.