Aithếr
Para Síntia, com S.
O tempo passa apressado. E este espaço apertado...
Os pés seguem. O sino toca.
Ao longe,
A igreja abre as portas
O sol. O suor nas testas.
As lágrimas nos rostos.
O sino toca.
Devagar, o carro passa.
Devagar, as pessoas passam.
Também devagar
as pessoas calam
[ninguém nota.
O galo canta. A noite cai.
Os olhos fecham.
Há ódio nos olhos e lágrimas também.
O sino cala. Sinal.
na calçada, de cabeça baixa
um menino chora
tenta falar. Emudece
trêmulo. Pernas passam
tudo passa.
[ele ainda chora
Sentada a seu lado
velhinha de sorrisos singelos
e boca escassa de dentes diz
não chore não, menino
A vida tem dessas coisas...
As pessoas sempre vão...
ainda de cabeça baixa e olhar
perdido,
perguntou o menino à acolhedora morte
para quem a senhora tricota? E riu soluçando
sozinho e de face lavada
senhora,
alguém já disse que lhe amava?
Como?! Indagou surpresa.
Eu a amava... e ela se foi...
o menino ainda chorava
[a morte enchugava os olhos
Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009.