domingo, 21 de agosto de 2011

Dos teus olhos/Soletude


Dos teus olhos/Soletude

É na madrugada que me transfiguro, que me transpasso
Como se o passado já não me quisesse
Como se o aço que me enlaça o passo
Já se desfizesse
E teu ar, que exalo, falta já não me fizesse

Nesta madrugada, de frio, de paço
A teus olhos passo, como a neve
De leve. Um tanto de sonhos e um punhado
De esperanças. E o tato breve
Como uma lembrança solúvel
Como uma brisa livre no quintal

E me pergunto, dos teus olhos,
Cruel, como posso¿
Se há navalhas na esperança
No lábio, no meu tato leve.
Ânsia talvez. Um pouco mais de ar, vinho até a morte.
Talvez ao norte, um porco de soletude.
E alguma física que solidifique minha insensatez.  

Talvez. Alguma arma contra insegurança. Talvez.
A construção de um forte, o mais forte. Paço.
E uma única verdade: Deus
Fez do amor solúvel.
Mas a fé, como fé,
Inexorável.
E o Amor, ainda que amor,
Inextinguível.


Manoel Guedes de Almeida
Teresina - PI, 21 de agosto de 2011.