terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Maná em Saint-Rémy


No presente.
O agora atormenta
Como hastes fixadas aos pés
Como pregos sob os meus passos
E não quero seguir. E não posso.

Nem máquina do tempo. Que nem máquina de lavar.
Essas manchas secas de sangue e batom...
Que me atirem ao mar. Que sou de aço.
Talvez lá alguma sensatez.

E atravesso cada porta que acho.
Outra dimensão, outro sentimento talvez.
Mas o contorno continua o mesmo, de tinta.
E o cálice ainda é concreto. Imperativo.
E o concreto não gera flores ou filhos.

Que decepem as pernas e os girassóis.
Que não preciso deles no fundo do mar
Quando há um mundo sem alvorecer
E este corpo não me cabe mais.


Manoel Guedes de Almeida
Floriano – PI, 10/01/12

Caixinha de abelhas vermelhas


Sim, moça, dizes,
- meu coração é pedra.
               [das pedras que se pinta o Sol
Que queimam os pés
Das pedras que se atiram aos corpos
Que se atiram ao mar

Daí veio você, moça,
- como um trem sem rodas rumo ao Sol

Então, moça,
Desfiz-me em dois mil pedaços
Sob os seus passos
Depois em pó.

Então, moça, com as suas mãos
Semeaste- me no vento.

Manoel Guedes de Almeida
Floriano – PI, 08/01/12