Pau-brasil
Brasil, terra querida
Tens laranjeiras, galhos secos, prostitutas
Quintais – bandeiras
Verdes riquezas a perder de vista
Vedes?
“Estamos no paraíso, bandeirantes!”
É moderno. Madeiras, solos, molas
Cadeiras, carros nobres
Mas o bom brasileiro faz a volta
E deita no chão pisado de esperanças
Tem máquinas, homens
Mulheres, crianças
Tem ossos enterrados no quintal
Mas no teu mundo, Brasil,
Também tem escravos e o escravo
Se veste de palhaço e de cara vermelha
anima festinhas, equilibra bolinhas, no sinal
faz gracinhas – cinqüenta anos em cinco, irmãos!
Limpemos este país com as nossas mãos!
mas envelhecemos, e este país é velho e sem infância
alguma a se lembrar. Nascera velho.
E nossas mãos trêmulas não suportam mais o peso
De nossa consciência tão repleta de vazio,
Esse acre sabor que se desfaz tal algodão doce
Nas ilusões de nossa voluptuosa e ilusória mocidade.
Manoel Guedes de Almeida
Teresina-PI, quinta-feira, 2 de julho de 2009.