sábado, 13 de junho de 2009

O vaso de flores vazio





O vaso de flores vazio

Provinciano da Rua das Flores
Incapaz de aprender a forma certa de amar
Homem comum, de barba e óculos
E vida cheia de falsos princípios
Floricultor que à mingua da sorte
própria dos seres sós
tenta pintar com as mãos o mundo inteiro
No verso turvo de uma minúscula rosa

Poeta vazio, que esquecera onde pusera a pena
Amante vazio, que perdera a aliança do mundo
Copo vazio, sem alma alguma que refaça o gole
Arqueja sobre o solo úmido, repousa o manto
E chora o peito – faciíate necrosante

E a música e o cheiro e o tato... Vede: é outono!
as flores pairam sobre a fronte
pateticamente pálida do artista
transbordado de ausência como um Deus dilacerado
e a lembrança do tempo onde a vida era digna
de ser vivida repousa sobre o chão repleto
de sonhos bons e meros
por serem todos mortais

Manoel Guedes de Almeida
Teresina - PI, sexta-feira, 12 de junho de 2009.