sábado, 11 de julho de 2009

Ahura Mazda

Ahura Mazda


Você sempre se impressiona com palavras poucas

Com sorrisos bobos, declarações de amor pra vida toda

Você sempre espera que seja para sempre

Sempre acorda exasperada e pede corpo rente


É preciso saber e saber esquecer

É preciso dormir e rezar para que nada dure

Mais que um dia. Olhos atentos

O corpo é sedento, e você, criança tonta,

Ainda acredita que a vida é pra sempre


Mas é preciso um mundo sem Gladiadores

Um mundo sem mapas tatuados em corpos

Um mundo sem bússolas em cada punho

Que estes corpos desejem direção. Mas os caminhos

São apenas caminhos e a vida

É mera terra batida


Nossos heróis estão todos cansados, nós

Estamos todos cansados, nossos ideais foram adestrados

Nossos sonhos são programas de TV, nossos filhos

Não suportam Cruzadas, nosso deus não nos agüenta mais


Nosso Graal foi deturpado. Deus foi corrompido. Nossas

Famílias foram violadas. Nosso idealismo foi estuprado

Mas estamos felizes! O céu é cinza e nosso carro é vermelho


Tudo é ausência e porquês, mas estamos bêbados demais

Para pedir um significado. E nos calamos.

De pés atados, de coração atado,

sonhamos um mundo melhor,

mas o que fazer se Jesus está preso em Guantálamo?!


O Sol é luzinha de natal... Papai Noel parkinsoniano...


Seguimos por milênios num deserto até aqui

Mas nossos pés não deixaram marca alguma pelo chão.

Nosso peito sangra muito e é muito tarde

para fingir que não dói mais



Manoel Guedes de Almeida

Floriano-PI, 11 de julho de 2009.