segunda-feira, 2 de maio de 2011

Desejo

Quero todas as minhas lembranças ao alcance de mim
Assim talvez eu nunca envelheça
Talvez assim eu nunca enlouqueça
Serei a lembrança do que fui. E o amor perdido.

Por isso tantas fotografias
Tantas cartas, tantas caixas
Tantos quadros na parede...
- Mas um dia não haverá mais parede.
Nesse dia não haverá mais desejo.

Por isso as pegadas no tapete
- às refaço sempre que possível
E o sol de giz nas calçadas
-esse, persistirá além do pó.

E o pó sobre tudo. O pó sobre mim.
O pó sobre você.


Manoel Guedes de Almeida
Teresina – PI, 02 de maio de 2011.

Intersubjetiva


Intersubjetiva

É você que não sorri, que tem lábios e não beija
- e não sorri
Que não diz nada que não tenham dito
Que é esfera, que é esfinge
Você que não tem face que não tem reflexo,
Você que não se expressa que tem pressa,
Você que tem corpo que não tem tato
Que não tem teto que não deseja
Você que não é que não tem nome
Por você não choro que lágrimas não tenho
Não te oro que deus é tua turva fotografia
Não o amo porque não te posso amar e nem tu me podes
Porque sou tu que és deus
E em teu seio não há senão a vã expectativa.

Manoel Guedes de Almeida
Teresina – PI, 30 de abril de 2011.