sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Em algum lugar do céu


Em algum lugar do céu

tantas veias a cidade, tantas vidas
tantas almas mudas dissolvidas
na amarelidão da luz

não há nome a cidade, nem há corpos ou carros
vistos do alto
e me pergunto que história tem
que outro mundo guarda
impregnado em seu manto

há vida na veia
da cidade
movem-se pontos
luminosos no asfalto
surdo
e não há voz ou conjecturas

há sentido na cidade?
deve haver algo de divino nisto, nesse novelo
de luz

uma após a outra
passam
na lentidão do tempo
quantas células, quantas histórias?

de repente já se foi
e eu já me fui

Manoel Guedes de Almeida
01/08/12

Um comentário:

PaBlO disse...

uma foto de brasília. um texto super conectado com ela. qdo eu tava em SSA, fiquei ouvindo repetidamente adriana calcanhotto cantar 'o nome da cidade'(de caetano veloso), e hj me deparei com o seu poema (hehehe!)... sabe, manoel, eu tb fico pensando sobre a cidade, sobre as linhas dela: o quanto se torna pequena vista de uma janela de avião, por exemplo. penso que é uma boa metáfora, muita vez, a cidade - todas elas - tem algo mínimo e só dela, como vc falou 'deve haver algo de divino', solvente de todas as outras coisas que a tornam tão confusa. mas pensar nisso só se intensifica qdo estamos 'em algum lugar do céu', olhando-a de longe, de outra perspectiva... adorei o poema. obrigado por esses instantes de beleza.

um presente pra vc: http://youtu.be/bKyKZkGKVMQ