sexta-feira, 21 de novembro de 2008




"(...) mesmo que eu não possa te ver, sei que você está aqui, sentada nessa primeira fila, me olhando e me aplaudindo (...)"




[Radamathys]

E das estrelas que não vejo e da vida que não sinto
Constituo meus guias,
E nas noites mais frias tranco-me em mim mesmo
E do mundo em que nada vejo
Quero me libertar...

Às vezes fecho meus olhos e abro minhas asas,
Tentando voar...
Mas as minhas asas estão rasgadas
Das minhas próprias pedradas
que insisto em me dar.

As ilusões antes tão deleitosas
Agora me arrastam ao precipício da autopsicografia
Deito-me e não durmo.
Essa proeza da consciência me apavora
Trazendo-me para a realidade
Ao qual eu não bem quisto.

Olhos se fecham, olhos se abrem...
O padrão oscilante da escuridão me apavora
E a ira da retulância me devora...
Detesto-me ou detesto o que fiz?!
O que fizeram aqui, dentro de mim?!

Os pensamentos insistem em cortar-me...
Dói, destrói, tiram os suspiros de esperança do meu coração.
Saia, demônio, eu exijo!
Vou-me dilacerar a minha carne!
Prefiro um auto-flagelo a sentir o peso disto...

E num canto sombrio
O canto do Anjo da morte
[do mundo
Radamathys ouvi,
Dilacerando-me corte a corte
Grito a grito,
Lágrima a lágrima,
A cada celestial afago com suas asas-sofrimento
Deixando-me a cada (vão?) momento
Todo feito em carne viva!

E com minhas asas furadas
Pelas constantes pedradas
Tento em meu último momento
Enxugar o meu rosto
E da beira do poço em que me vejo
Saltar com meus seis braços,
Todos decepados,
Do precipício de mim mesmo.

Manoel Guedes de Almeida e Priscilla Anny
Floriano-PI, 05 de maio de 2007.

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