quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Aithếr


Aithếr

Para Síntia, com S.

O tempo passa apressado. E este espaço apertado...

Os pés seguem. O sino toca.

Ao longe,

A igreja abre as portas


O sol. O suor nas testas.

As lágrimas nos rostos.

O sino toca.


Devagar, o carro passa.

Devagar, as pessoas passam.

Também devagar

as pessoas calam

[ninguém nota.


O galo canta. A noite cai.

Os olhos fecham.

Há ódio nos olhos e lágrimas também.

O sino cala. Sinal.


na calçada, de cabeça baixa

um menino chora

tenta falar. Emudece

trêmulo. Pernas passam

tudo passa.

[ele ainda chora


Sentada a seu lado

velhinha de sorrisos singelos

e boca escassa de dentes diz

não chore não, menino

A vida tem dessas coisas...

As pessoas sempre vão...


ainda de cabeça baixa e olhar

perdido,

perguntou o menino à acolhedora morte

para quem a senhora tricota? E riu soluçando

sozinho e de face lavada


senhora,

alguém já disse que lhe amava?

Como?! Indagou surpresa.

Eu a amava... e ela se foi...

o menino ainda chorava

[a morte enchugava os olhos




Manoel Guedes de Almeida

Floriano-PI, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009.

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