quarta-feira, 30 de setembro de 2009

História, política e desânimo: aqui jaz o Brasil


História, política e desânimo: aqui jaz o Brasil

“É um desrespeito! Eu tenho uma história neste país!”. Estas foram as célebres palavras proferidas pelo Presidente do Senado, quando acusado de corrupção e envolvimento em Atos secretos para a promoção de familiares e amigos. De faro, ele possui uma longa história nesta Nação, o que justifica o presente momento e limita as expectativas para um futuro promissor.

José Sarney foi o primeiro presidente pós – Ditadura Militar. Pode parecer, a princípio, que a posse de um civil seria o rompimento com a repressão e crise registradas durante o governo Militar; não foi o que aconteceu. Sarney foi nomeado vice-presidente por mera articulação política, e assumiu o poder em decorrência da morte do presidente eleito. Após o discurso de posse, governou sob forte crise econômica e social, as quais controlava com repressão disfarçada, fruto de sua origem Arenista.

Sob esse ângulo, fica bastante claro o momento presente. Não seria difícil imaginar o retorno de grandes nomes da corrupção como Fernando Collor (o que já aconteceu), que comumente ameaçaram a democracia e destruíram paulatinamente a credibilidade no estado. Isso só remete à idéia de que a crise atual é a construção continuada de um passado desastroso e vil.

Essa descrença é o que acoberta a impunidade. Apesar da pressão da mídia e dos gritos de protesto que por vezes ecoaram na rua do país, nada foi feito. Com o tempo, as pessoas se esquecem, a mídia muda o foco para outro escândalo ou para a morte de algum famoso, e os novos “caras – pintadas” que tomaram as ruas voltam às suas casas desanimados ao final do dia e lavam seus rostos. E assim se perpetua essa crise trágica em que o país se encontra, na política, na crença, e no ânimo.

Com base nisso, por demais clara fica a situação calamitosa em que este país reside, desde tempos remotos, e que se alastra por todos os pontos que definem as características das pessoas que aqui vivem. Em conseqüência, perde-se aos poucos a idéia de coletividade, o idealismo, o nacionalismo, a esperança até, e com tudo isso se desfaz nossa estrutura de Nação, nossa identidade nacional.

Manoel Guedes de Almeida

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