O corredor polonês
Ausência.
Sou ser transbordado de vazio.
Repleto do maior de todos os males humanos, o nada.
Ergo a cabeça perante aquela janela
Ela está ali, portal aberto pro mundo,
Cravada na parede, Portinari móvel.
Há pessoas lá dentro e há vida lá fora.
Há bocas unidas e mãos que se dão
(e que não são as nossas).
Seu Manuel vende rosas rubras
Debaixo do poste da esquina,
Cinco reais o maço.
Mas só quero uma, só uma basta...
Tudo é tão sóbrio.
Tudo é tão racional.
Tudo é tão certinho.
Deito cá, leitor de sonhos,
Sobre papéis por loucos rabiscados
Que temem que o tempo dissolva tudo que é imagem,
Tudo
Que é ilusão.
Nos prédios há pessoas que gritam
Que acreditam ser prédios
E que se amam nos prédios...
Mas aquela luz vermelha
Atrai-me como um inseto envolto em escuridão...
Que me dizes, Freud?!
Sou ser semimorto
Diante do portal pontual inalcançável
De luz...
Manoel Guedes de Almeida
Santos-SP, 04 de abril de 2008.
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