quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Elmo





Elmo

Você arrancou meu coração do teu peito 
E o triturou. Quisera ter perdido um braço, uma perna.
Quisera ter perdido a cabeça e enlouquecido.
Composto canções. Me embriagado. Chorado até que não restasse
Nenhuma gota de sangue dentro de mim.

Mas eu vivi. Nenhuma lágrima borrou meus passos.
Construí monumentos que poderiam ser vistos do espaço
E me perguntei se você os teria visto. Como seria
Se as ações não tivessem desfeito a linha do tempo
Se as ações não tivessem perdido o sentido e a importância.

E veja: já dei três mil voltas ao redor do mundo.
- este sofá me é familiar, digo, mas meus lábios não dão a mínima.
Venci batalhas quando achei que não conseguiria lutar
E matei quem eu mais amava por medo de sofrer
E fingi ser forte enquanto meu coração sangrava
Enquanto a razão me tornava indiferente, um soldado,
uma ameba.
Enquanto os sentidos me tornavam a pessoa mais feliz do mundo.

É fato: estou no mesmo lugar e quero chuva; mas aqui não chove.
Estou farto de tantos corações de vidro à minha volta.
Não agüento mais a força falsa que me sustenta.
Esse deus palhaço que orienta.
É que o único lugar em que me sinto humano é nos teus braços
Mas há cadáveres. E não sabes que amas um psicopata
Que escreve cartas
Que se suicida um pouco toda noite antes de adormecer.


Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, quarta-feira, 05 de janeiro de 2011.


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