quinta-feira, 13 de novembro de 2008


As Mãos que sustentaram o mundo

As Mãos que outrora ergueram o mundo
Já tremem exaustas e vestem luvas
Temem contaminarem-se
Com os vermes do conhecimento,
Tão letais para o que é Saber

As Mãos que outrora ergueram o mundo
Dizem Adeus em silêncio
Não ousam proferir
Qualquer palavra
Pois tantas já foram ditas,
Escritas e esquecidas
Nas páginas de livros
Que seria tolice
Desperdiçar seus últimos dias
Em vão

As Mãos,
Aquelas Mãos sem idade,
Agora suam, tremem, e sentem frio
Há rugas
Sob a pele necrosada
E pus
Que escorre
Em finos fios

Aquelas Mãos velhas
Que um dia sustentaram a vida
"Agora são desnecessárias"
Dizem os outdoors e os neons nas avenidas.
Há máquinas sustentando máquinas
Chips gerando vida in vitro
E o que fora paterno toque passional
Agora é garra fria metal
INOX

Aquelas Mãos austeras
Não compreendiam o Autismo
Do mundo que criara,
mundo que criara Mundo
Repleto de monstros e fadas
Todos asfixiados pelo que fora um dia vida
Mas agora é o hálito divino
Não passa de poluição
real.


Manoel Guedes de Almeida
Floriano-PI, 08 de dezembro de 2007.

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