quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ephemera


Ephemera

amar o instante deixa delirante este coração
amar o que o vento traz
o que nas noites frias é brisa
o que por traz da face é medo
o que por sob o medo é Amor

amar o inconstante, a topada, o findável
o papel que se amassa, o poema que se esquece
o anúncio que se vai na rua descalçada, o arbusto
que cresce dentre o concreto na calçada

amar a chuva, o grito sem explicação
o rosto sem gestos, o beijo sem gosto
as mãos sem tato
o tato sem pudor

amar as rosas e a falta mesmo de rosas
o todo e a mais ínfima parte
amar o grão, a poeira sobre a mesa,
o invisível, o silêncio musical
o beijo inesperado, o abraço apertado, o surto ao meio dia
- o imóvel.
As baratas voadoras.


Manoel Guedes de Almeida
Teresina – PI, sexta-feira, 05 de junho de 2009.

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